sábado, 1 de maio de 2010

A criação da ditadura

Como de costume, num momento de ocio criativo, deparei-me com a velha e conhecida questão da repreção e a criação. Lembrei-me dos grandes acontecimentos criativos culturais ocorridos durante a ditadura militar, percebi então que a ditadura não existe apenas num contexto social, ela afeta a razão individual coletiva, como também somente individual. A ditadura não necessariamente precisa ser provinda de um acontecimento externo ao individuo, ela pode partir dele mesmo e assim afetar seu consciente. Percebi isso em um momento como outro, estando num ocio natural do trabalho de passar as horas.
Em certos momentos tinha a necessidade de passar as horas, mas com a repressão da locomoção, não poderia sair do local de trabalho e ficar transitando ou conversando com alguem, sendo assim, tinha que ficar recluso a um pequeno quadrado onde deveria trabalhar, se houvesse trabalho. Nesses momentos tinha grande tempo para produção poetica, como não poderia fazer nada que me desse vontade, só tinha o poder de pegar o papel e a caneta, o tempo se passava com os versos que iam caminhando pela linhas, o relogio ia marcando as estrofes e assim, o tempo voava, aquela angustia de ver os ponteiros andarem parecendo cada vez mais lento, dava mais impulso a saltar na folha e derramar todos os fios de pensamento, a criatividade explodia [ou implodia], a cela ou jaula onde me encontrava, fazia com que minha mente buscasse outras formas de conhecer a vida, de esperimentar diversos sabores, de saltar pelo espaço, buscava formas de se sentir livre, de não ter o coração trancado numa jaula [mesmo que remunerada], entrava em campo a imaginação, os sonhos dispertos e toda a esquizofrenia sã que uma mente desocupada pode criar.
Visto que a possibilidade de transitar por diversos locais, mesmo que limitados, e de prosiar com maior quantidade de pessoas, e outras maneiras de se passar o tempo, a imaginação até tenta bater as asas, mas vira um voo desingonaçado e sem a beleza. Percebi então que a liberdade pode não ser libertadora, a liberdade se acomoda e as asas atrofiam. De onde tiraria os sonhos, sem a possibilidade de parar pra sonhar? O sonho aconteceria surgido do nada, como uma alucinação? Para voar é necessario bater as asas, ou se jogar do penhasco, com todo impulso que o corpo puder e abrir as asas para o vento, então não se voa só, por si só, é necessario um estimulo! Cada individuo tem suas formas de gritar e de fugir da inercia, mas logo esse grito ecoa pelo ambto coletivo, de algo individual se torna social.
As capacidades repressoras por si só, não criam maior capacidade criativa ou artisticas entre os cidadãos produtores de arte, ela gera em cada ser uma revolta por não poder se sentir livre, e acaba por trasformar essa revolta em arte, nela pode ser as mais variadas, de maneira que no momento não importa defini-las apenas reconhecer a sua existencia. Então a partir do momento que existe uma capacidade repressora, e essa revolta e angustia nascer e eplodir no individuo, criará os momentos elementares da arte, pois não se tratará mais de algo solto no ar, será o momento mais expressivo de um eco inerte uma psique, devido a uma grande crescente algustia esses momentos se tornarão coletivos e afetará toda a sorte de pensamentos artisticos sociais.
Os seres produtores de arte, não apenas terão um tema em comum a gritar, como terão mais barreiras que as comuns para a produção, sendo assim, terão que repensar com toda a força de seus punhos em materias a fugir da censura, visto que as palavras terão cada vez mais valor, os simbolos se fortificarão, então por mais que se pense que não existe força criadora em momentos de cativeiro cultural, é de fato nesses momentos que mais se exige e necessita as forças criadoras pensativas culturais.